O petrodólar vem sendo destaque nas manchetes internacionais devido ao fato de dois gigantes da Petropolítica demostrarem certo grau de insatisfação aos modus operandi do “Tio Sam” e Cia.
Neste artigo, abordaremos desde os fatores históricos aos eventos atuais, que desafiam a moeda forte americana no cenário internacional.
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Uma xícara quente de história
O acordo de Bretton Woods
Após a segunda guerra mundial, o dólar assumiu o protagonismo e ganhou um papel de destaque, sendo nomeado como referência à outras moedas na economia global. A Conferência de Bretton Woods, oficialmente conhecida como Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas, foi uma reunião de delegados de 44 nações que se reuniram em julho de 1944 em Bretton Woods, New Hampshire, para acordar uma série de novas regras para o sistema monetário internacional. As duas principais realizações da conferência foram a criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).
Conforme consta no site do departamento de estado norte americano, o FMI foi encarregado da manutenção de um sistema de taxas de câmbio fixas centradas no dólar e no ouro.
Em julho de 1945, o Congresso aprovou a Lei dos Acordos de Bretton Woods, autorizando a entrada dos EUA no FMI e no BIRD. As duas organizações passaram a existir oficialmente em 27 de dezembro de 1945. O regime de câmbio fixo estabelecido em Bretton Woods durou quase três décadas; somente após as crises cambiais de agosto de 1971 (quando o presidente Richard Nixon suspendeu o lastro do dólar em ouro) foi então que em 1973 as taxas de câmbio flutuantes se tornaram a norma para as moedas das principais nações industrializadas.
A criação do Petrodólar
Antes da decisão de Nixon, o dólar já enfrentaria dificuldades e, uma possível crise financeira poderia ocorrer caso todos os detentores de dólares americanos no mundo resolvessem trocar a moeda por ouro num curto espaço de tempo. Sabendo disso, uma ação estratégica ligada a três pilares fundamentais foi tomada: Vamos substituir o lastro do dólar do ouro para o petróleo. Ai surge o famoso “Petrodólar”.
Quais os três pilares fundamentais que sustentaram os argumentos para os demais agentes internacionais aceitarem tal mudança?
Fiscal;
Energético;
Militar.
1. Fiscal: Devido à questão monetária que necessitava de embasamentos técnicos e coerentes para convencer os demais agentes que a moeda norte americana ainda estaria com alguma garantia física, além das taxas de câmbio flutuantes;
2. Energético: O petróleo era a principal fonte de energia na época que movimentava a industrialização de muitos países, não somente na produção de derivados para energia, mas também para produção de subprodutos utilizados nas indústrias e uso farmacêutico, por isso, os americanos decidiram mirar este recurso tão estratégico à população;
3. Militar: Sabendo dos grandes conflitos na região do oriente médio, onde a produção de petróleo é abundante, a estratégia militar do país que demonstrou ao mundo seu grande poder de fogo com a bomba nuclear lançada no Japão ao final da segunda guerra, é se aliar ao maior produtor de petróleo da região, a Arábia Saudita. Em troca de proteção militar e fornecimento de armamentos de guerra, os sauditas colocariam seu ouro negro como lastro da moeda forte.
Mas a final, o que é o petrodólar?
Tony Robbins, do site tonyrobbins.com explica que os Petrodólares são a forma de moeda que é paga globalmente pelo petróleo. O sistema petrodólar é essencialmente a prática global de trocar petróleo por dólares americanos, em vez de qualquer outra moeda. Isso significa que não importa qual país está comprando o petróleo, eles pagam ao país produtor de petróleo em petrodólares, que são denominados em dólares americanos.
A resposta para “O que é o petrodólar ?” mudou ao longo dos anos, já que o sistema petrodólar originalmente se aplicava apenas aos países do Oriente Médio e membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), mas foi ampliado ao longo dos anos. A moeda Petro é a principal fonte de receita para esses países.
O petrodólar em xeque
Para bater de frente com o acordo de Bretton Woods, você precisa ter bala na agulha. Além de costa quente, é claro.
Nixon quebrou o acordo alterando o lastro em ouro para petróleo, o ouro negro. Nascendo assim o petrodólar. Devido ao seu poderio militar e alianças estratégicas na geopolítica, não sofreu consequências graves com tal fato.
Saddam Hussein, muçulmano, ditador do Iraque desde 1979, no início dos anos 2000, decide mudar a moeda com a qual operava suas vendas de petróleo: saiu o dólar, entrou o euro. O final dessa história todo mundo já conhece. Através da cortina de fumaça “armas químicas e de destruição em massa” no governo de George W. Bush os Estados Unidos invadem o Iraque e executam Saddam, este que decidira quebrar o acordo de Bretton Woods, sem ao menos possuir costa quente ou até mesmo as tais armas de destruição em massa citadas pelos americanos.
China e Rússia dão as cartas e colocam o Petrodólar em xeque
Diante das dezenas de sanções à Rússia, após a guerra na Ucrânia, estamos acompanhando algumas cartas expressivas sendo jogadas à mesa e, não devem passar desapercebidas, pois quem as jogam, possuem forte peso neste tabuleiro "maluco" conhecido como Petropolítica.
Carta 1 em 15 de Março de 2022
Arábia Saudita e China discutem contratos de petróleo em Yuan. Os países consideram abandonar o dólar para comercialização de petróleo entre o oriente médio e o principal importador da commodity do mundo.
O status do dólar americano como moeda de reserva do mundo é amplamente baseado em sua importância nos mercados de energia e commodities, como vimos no início do artigo.
De acordo com um relatório exclusivo do Wall Street Journal, a Arábia Saudita e a China estão agora discutindo o preço de algumas exportações de petróleo saudita em Yuan.
A China está pressionando agressivamente para destronar o dólar como moeda de reserva global, e este último desenvolvimento sugere que o petrodólar agora está sendo ameaçado.
Carta 2 em 23 de Março de 2022
"A Rússia continuará, é claro, a fornecer gás natural de acordo com volumes e preços fixados em contratos previamente celebrados", disse Putin em uma reunião televisionada com os principais ministros do governo.
"As mudanças afetarão apenas a moeda de pagamento, que será alterada para rublos russos", disse ele.
O peso destas duas cartas jogadas na mesa por players de tamanha relevância na atualidade, ainda mais envolvendo a Arábia Saudita, velha aliada do governo americano em relação ao ouro negro, promete esquentar as relações diplomáticas e comerciais entre os países nos próximos meses.
O clima fica cada dia mais tenso na medida em que países estão se recusando a pagar o gás russo em rublos e Putin decidindo cortar o fornecimento a tais países.
Até a data de publicação deste artigo, os países cujo gás foi cortado pela Rússia, são: Polônia, Bulgária, Finlândia, Dinamarca e Holanda.
A situação se agrava na medida em que as sanções entre os dois lados da guerra avançam sem nenhum sinal de diálogo entre as partes e, como todos sabem, quem mais sofre no final das contas, é sempre a população.
Fato é que diferente de Saddam Hussein, o acordo quebrado por Nixon tem na fila, dois novos agentes de peso para tal.
Texto escrito por Alex Ponce | 07/06/2022, fundador da APX Energy , com página no Instagram @apx_energy_brazil e é colunista do Café com Comprador.
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