Com o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada em fevereiro deste ano, o mercado de energia experimentou uma dose amarga de instabilidade e altas recordes, tanto aos combustíveis líquidos (querosene de aviação, gasolina, diesel e óleo combustível), como gasosos (GLP e gás natural).
Fato é que o mercado já tinha passado por uma experiência terrível, como a pandemia de 2020 ainda com fortes impactos na cadeia de suprimento por todo o ano de 2021.
Esperava-se então, um momento de alívio para 2022. Mas a guerra veio como um balde de água fria nessa tão esperada expectativa.
Gráfico 1: variação do petróleo (Brent e WTI) em 2022.
Analisando o gráfico acima, notamos que os preços foram fortemente abalados no primeiro semestre do ano. Com destaques para os meses de Março e Junho.
No primeiro semestre do ano, a cotação do Brent chegou a atingir os $130/barril. Vamos recordar quais os principais fatores contribuíram para estas altas recordes?
a) Guerra entre Rússia e Ucrânia - principal fator, com certeza;
b) A retomada da demanda após a vacinação em massa;
c) China, principal importador da commodity retomando atividade industrial;
d) Alto custo do frete internacional, ocasionado pelo descompasso nos fluxos durante a pandemia.
Petróleo em queda livre abaixo dos $80/bbl
Analisando todo o caos causado no mercado no primeiro semestre do ano, podemos observar um movimento contrário neste momento.
O petróleo está em queda livre e achamos importante destacar alguns pontos que estão contribuindo para este fato:
a) Baixa demanda na China, reflexo do programa Covid-Zero;
b) Redução das atividades econômicas, com risco de recessão na Europa e Estados Unidos;
c) Grande inflação nos custos de energia, que ao atingir certos picos, como todos os produtos, buscaram um ponto de equilíbrio;
d) Ações da OPEP+ no que tange a suas estratégias de produção x preço;
e) Debates sobre um possível teto de preço ao petróleo Russo.
Após decisão do G7 em concordarem com o teto de preço para o petróleo Russo, dois dias depois ocorreu a reunião da OPEP+ no último dia 4.
Nesta reunião do cartel, esperava-se um anúncio de cortes na produção, como resposta as recentes quedas nos preços, ocasionada pelos pontos acima citados.
Porém, este anúncio de corte não veio e o mercado então, tirou o pé no fechamento dos contratos futuros, reduzindo a pressão de demanda, e assistimos então na semana 49 (05/12 a 09/12) o barril do petróleo tipo Brent ser vendido abaixo dos $80.
Este mês de dezembro, será crucial para analisarmos, como os principais agentes do setor, irão reagir a todos os acontecimentos e estratégias em andamento. Com base no fechamento deste ano, será possível ter uma leve previsão de como serão as coisas para o primeiro trimestre de 2023. Pois logo em seguida, ocorre uma nova reunião da OPEP+ e tudo pode mudar.
Ficaremos de olho.
Texto escrito por Alex Ponce | 07/12/2022, fundador da APX Energy , com página no Instagram @apx_energy_brazil e é colunista do Café com Comprador.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Café com Comprador e de seus editores.
Comments